Quando a chuva passar...
Pra quê falar?
Se você não quer-me ouvir...
Fugir agora não resolve nada..
Mas não vou chorar...
Se você quiser partir
Ás vezes a distancia ajuda...
E essa tempestade um dia vai acabar...
Só quero lembrar...
De quando a gente andava nas estrelas...
Das horas lindas que passamos juntos...
A gente só queria amar e amar...
E hoje eu tenho a certeza...
A nossa história não termina agora...
Pois esta tempestade um dia vai acabar...
Quando a chuva passar...
Quando o tempo abrir...
Abra a janela e veja: eu o sol...
Eu sou céu e mar...
Eu sou céu e fim...
E o meu amor é imensidão....
Ivete Sangalo
Composição: Ramon Cruz
Adeus
Já gastamos as palavras pela rua, meu amor,
E o que ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos á força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tinhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Ás vezes tú dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava,
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possiveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastamos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
Tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só do murmurar o teu nome
na silêncio do meu coração.
Não temos nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
De: Eugénio de Andrade
Gigantes
Na berma da estrada,
a criança acariciou a flor singela.
Mas veio o gigante
e, num instante,
com a bota enorme e pesada,
pisou a flor,
fêla em nada.
A criança sentiu uma tal dor
como se a esmagada fora ela.
Mas que importa a dor,
que importa aquela flor,
se o gigante
pode ter ali, no mesmo instante
um jardim suspenso se o quiser?
Importa é o poder.
que importa usar centenas de pessoas
como misseis para matar vários milhares?
Que importa que vá tudo pelos ares?
Que importam as pessoas?
Que importa se centenas de milhões
passam fome e tantas privações?
Que importa se a droga destruir ilusões
de jovens, também eles aos milhões?
Que importa se a guerra destruir várias nações?
Que importam o buraco do ozono, a poluição?
o que importa é ter
dinheiro, armas e poder.
Autor. Regina Gouveia
Paz
Palavras leva-as o vento.
Também leva o pensamento,
leva ainda ainda as folhas soltas
que caem no fim do tempo
e vão por ai revoltas,
revoltas a ondular
quais aves a esvoaçar.
Palavras leva-as o vento
e não as pode arrumar,
tantas são, tão diferentes,
umas duras, outras quentes,
outras um pouco dormentes,
que podem significar
coisas tão surpreendentes,
e tantas coisas diversas!
Palavras leva-as o vento
e andam por ai dispersas
sem ninguém que as queira usar.
Veja-se a palavra paz
perdida por esse mundo,
completamente esquecida
qual folha morta caida,
num charco sombrio, imundo.
Autor - Regina Gouveia
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. ...
. O tempo
. Amigo
. Timbaland ft. One Republi...